O GRITO


Nas sombras da minha existência solitária, ecoa um grito preso, um clamor de uma alma em ruínas. Vivo cada dia em um mar de vazio, onde as ondas da desesperança me arrastam sem piedade. Minha vida é uma melodia silenciosa, sem notas de amor, paixão ou compreensão.

Grito com todas as minhas forças, mas meu grito é apenas um suspiro inaudível, perdido no vácuo da indiferença. Grito para o mundo que parece alheio à minha agonia, um mundo que segue em sua dança indiferente, sem olhar para a dor oculta atrás do meu sorriso quebrado.

Anseio por um toque que aqueça minha alma congelada, por um olhar que penetre nas profundezas das minhas cicatrizes invisíveis. Mas, em vez disso, sou confrontado com o vazio gélido, uma parede fria que separa meu coração faminto de qualquer resquício de amor.

Navego pelos mares da vida sem uma bússola, perdido em uma tempestade de incertezas. As estrelas que deveriam me guiar se apagaram, deixando-me à deriva na escuridão. Procuro por orientação, por um farol que me indique um caminho seguro, mas as respostas parecem esquivas e inalcançáveis.

O peso da solidão é como correntes que me arrastam para o fundo, sufocando minha esperança e minha vontade de lutar. A vida perdeu seu brilho, suas cores desbotaram, e o mundo ao meu redor parece embaçado, como uma pintura desfocada.

Neste deserto de emoções, meus passos são pesados, minhas lágrimas secaram, e minha voz está rouca de tanto gritar em vão. Sinto-me encurralado em um labirinto de desespero, sem saída à vista. A escuridão que me envolve é densa e sufocante, uma névoa que esconde qualquer traço de luz.

E assim, o desfecho se desenha como uma sombra escura à minha frente. A morte parece uma fuga tentadora, uma maneira de finalmente romper as correntes da minha dor. Cada batida do meu coração é um eco das minhas tentativas fracassadas de encontrar o amor, a paixão, a compreensão e a orientação que tanto anseio.

Mas, mesmo em meio a esse grito preso, nesse desfecho penoso e mortal que se aproxima, talvez haja uma centelha de esperança. Uma pequena chance de que alguém, em algum lugar, possa ouvir, possa entender, possa estender a mão e oferecer a compaixão que tanto necessito. Porque, no fim das contas, mesmo nas profundezas da escuridão, sempre há uma possibilidade, mesmo que mínima, de luz.

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