JA SAO HORAS

 


Nesta dança frenética pela vida, muitos se tornam prisioneiros do relógio, ansiosos pelo momento em que finalmente poderão saborear o tão aguardado almoço ou escapar das amarras do trabalho ao soar da sirene de saída. É uma corrida desenfreada em direção ao fim do dia, como se a morte fosse a única libertação aguardada.

Estranhamente, o fim do mês se torna um farol de esperança para aqueles que contam os dias até o pagamento, como se a chegada do dinheiro pudesse resolver todos os seus problemas e afastar a sombra da escassez que paira sobre suas cabeças. Mas o que encontram é apenas mais um ciclo de necessidades e desejos insatisfeitos.

Nesta busca incessante pelo que está além do presente, muitos se esquecem de que cada segundo que passa é um passo mais próximo do inevitável fim. O tempo, essa entidade implacável, não espera por ninguém, e é irônico que aqueles que mais desejam que ele corra sejam os que mais negligenciam sua passagem.

Em meio a essa corrida desenfreada, perdemos a noção do verdadeiro valor do tempo. Esquecemos que é um recurso finito, que não pode ser recuperado uma vez gasto. Enquanto clamamos por rapidez e eficiência, deixamos escapar momentos preciosos que poderiam ser desfrutados com serenidade e gratidão.

É uma triste ironia da vida que, na ânsia de alcançar nossos objetivos mais rapidamente, acabemos nos distanciando da própria essência da existência. Talvez seja hora de desacelerar, de reconhecer a beleza nos pequenos detalhes e de valorizar cada momento como se fosse o último. Pois no fim das contas, não é a velocidade com que vivemos que define nossa jornada, mas sim a profundidade com que abraçamos cada instante.

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